quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Quem é responsável pelo relacionamento?

Quando duas pessoas de níveis diferentes de desenvolvimento espiritual  se envolvem , aquela que está mais desenvolvida é sempre responsável pelo relacionamento. Especificando, aquela pessoa tem responsabilidade de sondas as camadas profundas de interação que geram atrito e desarmonia entre as partes.
A pessoa menos desenvolvida não tem a mesma capacidade de levar adiante essa busca, pois ainda está na fase de culpar o outro e depender da conduta "correta" do outro para evitar os desentendimentos ou a frustação .
Além disso, a pessoa menos desenvolvida está sempre presa ao erro fundamental da dualidade. De sua perspectiva, qualquer atrito significa que "apenasum de nós está certo". Essa pessoa se sente automaticamente inocentada quando o outro tem algum problema, embora na realidade sua participação negativa possa ser infinitamente mais grave que a do parceiro.
A pessoa espiritualmente mais desenvolvida é capaz de ter uma percepção não dualista, realista. Ela sabe que qualquer um dos dois pode ter possivelmente muito menos do outro. A pessoa mais desenvolvida sempre está pronta e disposta a apurara sua própria participação, sempre que é negativamente afetada, por mais flagrantemente errado que o parceiro possa estar. A pessoa imatura e primitiva, sob o aspecto espiritual e emocional, sempre põe o grosso da culpa no outro. Tudo isso se aplica a qualquer tipo de relacionamento: um casal, pais e filhos, amigos, contatos profissionais.
A tendência a tornar-se emcionamente dependente dos outros - cuja superação é um aspecto muito importante do processo de crescimento - deriva, em grande medida, do desejo de eximir-se de culpa ou de evitar dificuldades durante a formação e a manutenção de um relacionamento.
Parece tão mais fácil jogar a maior parte dessa carga sobre os outros! Mas a que preço! Essa conduta torna a pessoa verdadeiramente impotente e cria o isolamento, ou a sequencia interminável de dor e de conflito com os outros. Apenas quando cada um começa realmente a assumir a responsabilidade que lhe cabe, examinando os seus próprios problemas no relacionamento e demonstrando vontade de mudar, é que se instala a liberdade e os relacionamentos se tornam proveitosos e felizes.
Se a pessoa de maior desenvolvimento se recusar o dever espiritual de responsabilidade pelo relacionamento e procurar o núcleo interior de dissensão, ela jamais entenderá de fato a interação, a interligação dos problemas. A relação, nesse caso, começará a se deteriorar, deixando as duas partes confusas e menos capazes de conviver consigo mesmas e com os outros. Por outro lado, se a pessoa espiritualmente desenvolvida aceitar essa responsabilidade, ela também ajudará, sutilmente, o parceiro. Se conseguir resistir à tentação de constantemente ridicularizar os evidentes pontos fracos de outros e olhar para dentro de si, ela aumentará consideravelmente seu desenvolvimento e espalhará paz e alegria. O veneno do atrito logo será eliminado. Também será possível encontrar outros parceiros de um processo de crescimento realmente recíproco.
Quando dois iguais se relacionam, ambos são inteiramente responsáveis pelo relacionamento. Este é, de fato, um belo empreendimento, um estado de reciprocidade profundamente gratificante. A menor variação de humor será interpretada de acordo com seu significado interno e, assim, o processo de crescimento será mantido. Ambos se verão como co-autores da imperfeição passageira - seja um atrito real ou uma apatia transitória.
A realidade interior da interação se tornará cada vez mais significativa.
Com isso, o relacionamento fica em geral a salvo de danos.
Quero ressaltar, agora, que quando falo em responsabilidade pela pessoa menos desenvolvida, não quero dizer que um ser humano possa sempre arcar com as dificuldades reais dos outros. Isso nunca pode acontecer. O que quero dizer é que as dificuldades de interação num relacionamento não costumam ser exploradas em profundidade pela pessoa cujo desenvolvimento espiritual é mais rudimentar. Esta responsabilizará os outros pela sua infelicidade ou pela desarmonia de uma determinada interação, não tendo capacidade ou vontade de er o quadro todo. Assim, ela não está em condições de eliminar a desarmonia. Só os que assumem a responsabilidade de encontrar a pertubação interior e seu efeito sobre as duas partes são capazes de ver esse quadro. Por conseguinte, a pessoa espiritualmente mais primitiva sempre depende da mais evoluída.
O relacionamento no qual a destrutividade do parceiro menos desenvolvido torna impossível o desenvolvimento, a harmonia e os bons sentimentos, ou no qual o contato é predominantemente negativo, deve ser rompido. Via de regra, a pessoa mais desenvolvida deve tomar a iniciativa. O fato de ela não romper indica alguma fraqueza ou medo não reconhecidos que precisam ser enfrentados. Se o relacionamento for terminado por esse motivo, ou seja, porque é mais destrutivo e causador de sofrimento do que construtivo e harmonioso, isso deve ser feito quando os problemas internos e as ações recíptroca forem plenamente reconhecidas pela parte que tomar a iniciativa de cortar uma ntigo vínculo. Isso impedirá que essa pessoa entre em outros relacionamentos onde existam correntes e ações recíprocas semelhantes. Também significa que a decisão de romper foi tomada tendo em vista o crescimento, e não por despeito, medo ou fuga.

Livro: Criando União - O significado espiritual dos relacionamentos
Autora: Eva Pierrakos e Judith Saly

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